FICÇÃO ESPECULATIVA ESCRITA POR MULHERES NEGRAS

Autores

  • Waldson Gomes de Souza Universidade de Brasília
  • Isadora Maria Santos Dias Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.18817/rlj.v2i1.1586

Resumo

No que diz respeito à ficção especulativa (fantasia, ficção científica e horror sobrenatural), o reconhecimento e as narrativas são dominadas por homens, e mais especificamente, homens brancos. Por isso é significativo analisar as produções literárias de mulheres negras, uma vez que em relação a elas há uma dupla opressão, por gênero e raça, limitando suas publicações e acesso a determinados espaços. O objetivo deste trabalho é analisar os romances Kindred: laços de sangue, de Octavia E. Butler, e Quem teme a morte, de Nnedi Okorafor. Em Kindred, a protagonista Dana vive nos Estados Unidos, durante a década de 1970, e é transportada para o século XIX, no período pré-Guerra Civil. Ela passa a vivenciar na pele a realidade da escravidão tendo como parâmetro seu conhecimento histórico. Já Quem teme a morte se passa em uma África futurista pós-apocalíptica e narra a jornada de Onyesonwu descobrindo ser possuidora de superpoderes que podem salvar a humanidade. A fundamentação teórica tem como base estudos de gênero e raça com foco nas especificidades das produções especulativas, bem como discussões sobre Afrofuturismo – movimento estético no qual as obras de Butler e Okorafor podem ser incluídas. A metodologia prevê leitura e fichamentos dos romances, a partir de uma análise comparativa que pretende articular os pontos de proximidade e distanciamento na construção das duas narrativas. Concluindo, portanto, com considerações sobre a relevância das categorias gênero e raça nas análises das obras destas autoras.

Biografia do Autor

Waldson Gomes de Souza, Universidade de Brasília

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília.

Isadora Maria Santos Dias, Universidade de Brasília

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília.

Referências

BUTLER, Octavia E. Kindred: Laços de sangue. Trad. Carolina Caires Coelho. São Paulo: Editora Morro Branco, 2017.

CRENSHAW, Kimberlé W. A intersecionalidade na discriminação de raça e gênero. In: VV.AA. Cruzamento: raça e gênero. Brasília: Unifem, 2004. Disponível em: <http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wpcontent/uploads/2012/09/Kimberle-Crenshaw.pdf> Acesso em: 19 de fevereiro de 2018.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

DERY, Mark. Black to the Future: interviews with Samuel R. Delany, Greg Tate, and Tricia Rose. In: DERY, Mark (ed.). Flame Wars: The Discourse of Cyberculture. Durham, NC: Duke University Press, 1994. p. 179-222.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A Vontade de Saber. 5ª edição: Rio de Janeiro/São Paulo, Paz e Terra, 2017.

JONES, Esther L. The Unbearable Burden of Culture: Sexual Violence, Women’s Power and Cultural Ethics in Nnedi Okorafor’s Who Fears Death In: Medicine and ethics in Black women’s speculative fiction. Nova York: Palgrave Macmillan, 2015, p. 64-90.

OKORAFOR, Nnedi. Quem teme a morte. Trad. Mariana Mesquita. São Paulo: Geração Editorial, 2014.

SAUNDERS, Charles R. Why blacks should read (and write) science fiction. In: THOMAS, Sheree R. (ed.). Dark Matter: a century of speculative fiction from the african diaspora. Nova York: Warner Books, 2000. p. 398-404.

SCHMIDT, Rita Terezinha. Centro e margens: notas sobre a historiografia literária. Brasília: Revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, v. 32, p. 127-141, 2008.

VINT, Sherryl. "Only by Experience": Embodiment and the Limitations of Realism in Neo-Slave Narratives. Science Fiction Studies, Vol. 34, No. 2, p. 241-261, 2007.

WOMACK, Ytasha L. Afrofuturism: the world of black sci-fi and fantasy culture. Chicago: Lawrence Hill Books, 2013.

Downloads

Publicado

2018-07-31

Como Citar

GOMES DE SOUZA, W.; SANTOS DIAS, I. M. FICÇÃO ESPECULATIVA ESCRITA POR MULHERES NEGRAS. REVISTA DE LETRAS - JUÇARA, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 298–311, 2018. DOI: 10.18817/rlj.v2i1.1586. Disponível em: https://ppg.revistas.uema.br/index.php/jucara/article/view/1586. Acesso em: 27 abr. 2024.