A ABORDAGEM MÍTICA EM O CONQUISTADOR DE ALMEIDA FARIA – POR QUE FALAR DE SEBASTIANISMO?
DOI:
https://doi.org/10.18817/rlj.v6i1.2802Resumo
O presente artigo pretende realizar um panorama da evolução do Mito Sebastianista em Portugal, aplicado à análise da sua abordagem na obra O Conquistador (1990) de Almeida Faria, na qual presenciamos uma aproximação entre o protagonista e a entidade mítica. O mito em questão representa a espera do salvador predestinado, o qual, após a batalha de Alcácer Quibir (1578), passa a ser corporificado pelo rei Dom Sebastião, desaparecido no combate. Nesse sentido, O Conquistador apresenta o percurso de vida da personagem Sebastião de forma que esta esteja constantemente relacionada à personagem histórica, utilizando, para isso, semelhanças e contrapontos. O intuito da narrativa de Almeida Faria não é igualar as duas personagens, valorizando o mito, mas construir pontos de ligação que sugiram a possível reencarnação de Dom Sebastião de uma maneira paródica, a ponto de dessacralizar o mito sebastianista. Ao longo da narrativa, Sebastião passa a apresentar a sua biografia, dando corpo ao paralelo entre a personagem e a figura mítica, imaginário histórico-social da nação portuguesa. Destacamos, entre os eventos narrativos analisados, o nascimento da personagem, ocorrido em circunstâncias míticas; a apresentação de coincidências relativas à família e características físicas e psicológicas de Sebastião; e, por fim, a categoria do grotesco, marcante na descrição de seus sonhos e da sua "excepcional" sexualidade. Notamos, com isso, que o paralelo realizado na obra contribui para a aproximação com o mito do rei português, mas, principalmente, para a desconstrução da imagem idealizada que lhe é, normalmente, conferida.
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