A MEMÓRIA CULTURAL EM O VENDEDOR DE PASSADOS, DE JOSÉ EDUARDO AGUALUSA
DOI:
https://doi.org/10.18817/rlj.v6i1.2815Resumo
Este trabalho objetiva investigar a presença da memória cultural no romance O vendedor de passados (2004), do escritor contemporâneo angolano José Eduardo Agualusa. O vendedor de passados narra a história de Félix, um homem que forja e vende memórias e passados nobres para indivíduos que compõem a nova burguesia angolana. Entretanto, os conflitos na obra se adensam conforme os personagens percebem que há uma linha tênue entre ficção e a realidade e já não se pode afirmar com clareza qual passado realmente aconteceu e quais memórias são válidas. Segundo o sistema de redução estrutural desenvolvido pelo crítico literário Antonio Candido (1993), uma obra literária, em seu caráter interno, pode adquirir uma realidade estruturante pautada na realidade externa do mundo, o que possibilita a Agualusa representar em sua narrativa uma Angola marcada pela guerra civil (1975-2002), bem como diversos elementos culturais marcadamente angolanos e catalizadores da memória desse grupo social. Desse modo, através de elementos e recursos mnemônicos, o autor expõe conjunturas históricas e a organização social dessa Angola. Assim, as análises deste trabalho se subsidiarão, sobretudo, nos pensamentos de: Aleida Assmann (2011) e Jan Assmann (2011), com suas contribuições sobre memória cultural; Antonio Candido (1993) e seu sistema de redução estrutural; e, Maurice Halbwachs (1990) com sua teoria de memória coletiva.
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