FIGURAÇÕES DO SILÊNCIO EM NÃO FALEI, DE BEATRIZ BRACHER
DOI:
https://doi.org/10.18817/rlj.v6i1.2826Resumo
Na obra Não falei, da escritora paulistana Beatriz Bracher, as experiências do narrador-personagem pautam diversas dimensões do silêncio, seja no que diz respeito ao passado violento no período ditatorial, quando foi preso e torturado, seja quanto à vivência familiar da infância e da juventude, quando as reticências e os não-ditos estiveram sempre presentes no cotidiano. Esses silêncios vão atravessando a narração: criança, o narrador aprende o silêncio com o pai; mais tarde, perante os conhecidos, silencia quanto à inferida acusação de ter delatado e ocasionado a morte do cunhado, Armando, sob tortura. Neste artigo, interessa-nos saber como essas figurações do silêncio são materializadas na linguagem do romance. Para analisá-las, considerando a relação entre o narrador e a ausência de linguagem, trazemos a perspectiva de que há um modo significativo de calar, sendo o silêncio, portanto, um signo (BARTHES, 2003) passível de interpretações, resultante, no romance analisado, de um contexto social opressivo (HOLANDA, 1992). Considerando a necessidade cada vez mais latente de preenchimento dos momentos reflexivos com discurso, a postura dissidente do protagonista da história narrada, de calar durante tantos anos, mostra-se diferenciadora, em especial se consideradas as consequências que produz tanto na estrutura do texto como na autoconsciência e vida social do sujeito ficcional. Para analisar a obra, a pesquisa faz uso do procedimento dialético de Antonio Candido (2014), compreendendo que a produção literária deve ser analisada em sua totalidade, como código linguístico no qual a vida social é um elemento dentre outros.
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