CHAMADA DE ARTIGOS - DOSSIÊ 2024.1 - Pensamento Africano Libertário/African Libertarian Thought
Dossiê 2024.1 Pensamento Africano Libertário/African Libertarian Thought
Organizadores: Bruno Ribeiro Oliveira (Universidad de Granada) e José Rivair Macedo (UFRGS)
Prazo/Deadline: 15 de junho de 2024/ June 15th, 2024
Chamada: Nos campos de conhecimento produzidos no mundo ocidental, a África e os africanos tendem a ser vistos, enquadrados e interpretados a partir de referenciais marcados pela exotização, hierarquização e classificação assimilacionistas e desvalorizantes, em diferentes níveis de subordinação, invisibilização e apagamento, conectados a processos de dominação política, econômica e cultural imperiais cuja pretensão de inferiorização leva a que os povos daquele continente sejam vistos como um apêndice da história ocidental e seu domínio global. Tal ficção, sustentada por armas, instituições e intelectos, brutais em seus atos e efeitos, palavras e visões de mundo, vem sendo desafiada por formas de expressão alternativas e contestatárias que emergem em contexto global, em que o pensamento africano distingue-se pela sua originalidade e expressão criativa, pela busca daquilo que o historiador nigeriano Toyn Falola qualificou como “poder de definição”.
Considerando o pouco espaço reservado no Brasil e na América Latina à discussão acerca de obras marcadas pelo afrocentrismo, afroperspectivismo ou outros modos de interpretação afroreferenciados, neste dossiê temático pretendemos reunir artigos sobre categorias, conceitos e perspectivas epistemológicas dissidentes produzidas por pensadores africanos e pensadoras africanas revolucionários(as), heterodoxos(as), feministas, queer, contestatórios(as), radicais, críticos(as), anticoloniais, pós-coloniais, decoloniais e antirracistas, que contribuíram e/ou contribuem para análises da realidade da África e dos africanos no passado, no presente ou vislumbram perspectivas diversas de futuro.
A análise sobre vanguardistas vinculados(as) a diferentes regiões, classes, raças e identidades de gênero que tanto em períodos de dominação, de luta armada, de estabilidade ou de transformações, mostraram e mostram a audácia epistêmica de propor versões inovadoras sobre a ruptura ou a revolução no campo do pensamento africano em conexão ou não com outros continentes e culturas, estão entre os objetivos prioritários pretendidos por este número da Revista Brathair. Por isto, serão valorizadas contribuições que apresentem resultados de pesquisa, avaliações ou interpretações inéditas sobre idéias libertárias ou circulação de idéias libertárias na África e entre a África, as Américas, a Europa e a Ásia. Convidamos todos e todas a enviar artigos que abordem diversos ramos do pensamento africano contemporâneo que envolvam (ou não) a negritude, o pan-africanismo e outras perspectivas transnacionais e cosmopolitas, os socialismos africanos, os nacionalismos africanos, as filosofias africanas, os marxismos africanos, os anarquismos africanos, as formas e expressões do afro-futurismo e do afro-pessimismo, do pensamento de mulheres africanas, os movimentos queer africanos, as teorias anticoloniais, pós-coloniais ou decoloniais na África, as epistemologias africanas contemporâneas, os pensamentos afro-diaspóricos, as relações sul-sul, entre outros enfoques, que contribuam para fazer avançar o debate do pensamento libertário africano no Brasil.