Quando a lua alimentava o tempo com leite: O tempo do cosmos e das imagens em Hildegarde de Bingen (1098-1179)

Autores

  • Jean-Claude Schmitt

Palavras-chave:

Corpo Humano, cosmos, continuidade, manuscrito

Resumo

Resumo A “temporalidade das imagens” só pode ser referida no plural. Plural dos tempos sociais e das representações do tempo, que variam de acordo com as épocas, com os interesses, com os níveis de cultura e com as ocasiões de falar e de “viver” o tempo; plural das imagens, que não saberiam exprimir o tempo e nem operá-lo em suas próprias séries senão de maneira sempre específica, como fazemos aqui a demonstração a partir de quatro miniaturas de página inteira, assunto de dois tratados diferentes, mas complementares, da abadessa beneditina renana Hildegarde de Bingen (1098-1179). Hildegarde compartilha com seus contemporâneos uma concepção dinâmica da Criação, que conhece, no tempo, uma alternância de fases de crescimento e diminuição, de calor e de frio, de secura e umidade. O microcosmo e o macrocosmo estão em estreita correspondência. Esses movimentos da natureza e do corpo são conduzidos pelos astros, mais especificamente pelos “sete planetas” e sobretudo pela lua, nomeada “a mãe de todos os tempos”. Comentam-se e comparam-se aqui quatro imagens de dois manuscritos de Hildegarde de Bingen: uma do Liber Scivias (terceiro quarto do século XII, produzido ainda troisième quart du XIIe siècle, produzido ainda em vida por Hildegarde), três do Liber operum divinorum (conforme o manuscrito de Lucca, datado de aproximadamente 1230). Com os tempos da natureza e do homem se combina o tempo da “história natural” do homem, marcada pela Queda (Hildegarde relembra que foi o pecado original que pôs o firmamento em movimento), mas voltada para a Redenção (de onde ela desenvolve a escatologia do programa visionário iconográfico no Scivias e no Liber operum divinorum). Palavras-chave: Corpo Humano, cosmos, continuidade, manuscrito Resumé La “temporalité des images ne peut se décliner qu’au pluriel. Pluriel des temps sociaux et des représentations du temps, qui varient selon les époques et les manières de « vivre » le temps ; pluriel des images, qui ne sauraient exprimer le temps et le mettre ne œuvre dans leurs propres séries que de manière toujours spécifique, comme on en fait ici la démonstration à partir de quatre miniatures en pleine page issues de deux traités différents, mais complémentaires, de l’abbesse bénédictine rhénane Hildegarde de Bingen (1098-1179). Hildegarde partage avec ses contemporains une conception dynamique de la Création, qui connaît dans le temps une alternance de phases de croissance et de décroissance, de chaleur et de froid, de sécheresse et d’humidité. Le microcosme et le macrocosme sont en étroite correspondance. Ces mouvements de la nature et du corps sont commandés par les astres, plus précisément les “sept planètes” et surtout la lune, nommée “la mère de tous les temps ”. On commente et compare ici quatre images de deux manuscrits d’Hildegarde de Bingen : une du Liber Scivias (troisième quart du XIIe siècle, produit encore du vivant d’Hildegarde), trois du Liber operum divinorum (d’après le manuscrit de Lucca, daté vers 1230). Avec les temps de la nature et du corps se combine le temps de l’ “histoire naturelle” de l’homme, marquée par la Chute (Hildegarde rappelle que c’est le péché originel qui a mis le firmament en mouvement), mais tendue vers la Rédemption (d’où le développement eschatologique du programme visionnaire iconographique dans le Scivias et le Liber operum divinorum). Mots-clés : Corps humain, cosmos, continuité, manuscrit

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Publicado

2014-12-28

Edição

Seção

Dossiê Vol. 14, N. 1 (2014)