GONÇALVES DIAS E A RAÇA AMERICANA
Palavras-chave:
gonçalves dias, raça, americanaResumo
Um dos aspectos mais notáveis da personalidade do excelso poeta, uma das características de sua formação artística e cultural, é a sua preocupação, como homem, como poeta e como sábio, pelo grande problema humano e nacional do indígena.
Etnógrafo, historiador e cantor da raça americana, a estirpe perseguida, cujo sangue lhe veio às veias no próprio sangue materno, constituiu ao mesmo tempo, para ele, um campo de estudo, uma causa a defender e uma fonte de inspiração. A voz misteriosa do gênio da raça falava-lhe ao coração e ao espírito. Ele merece, verdadeiramente, no campo da ideação, o nome de sumo representante da raça americana na formação nacional brasileira.
Antes e depois dele, muitos outros espíritos superiores se ocuparam do índio; nenhum, porém, realizou integralmente, como o egrégio cantor d’Os timbiras, a missão complexa, que o singularizava e nele personificava o espírito da raça.
Devemos observar que a expressão “raça americana” é por nós empregada sem pressupostos antropológicos, sendo embora incontestável, apesar da enorme diversidade dos tipos indígenas e das suas afinidades com as populações da Ásia e da Oceania, a existência de certos caracteres – basta citar a cor do cabelo – além de condições psíquicas e culturais, que dão aos aborígenes do continente um ar de família