Editorial
Palavras-chave:
editorialResumo
Este número aborda questões contemporâneas relacionadas a realidades empiricamente observáveis, No DOSSIÊ QUILOMBOS E LUTAS CONTEMPORÂNEAS, aborda- remos distintas lutas que articulam dinâmicas identitárias complexas, evidenciando a relação território, raça, classe e gênero. Tais mobilizações estão no campo, mas também dentro de instituições públicas responsáveis pela execução de políticas públicas.
O texto de Sandro José aborda o conflito pelo acesso à água em quilombos capixabas, especialmente sob a influência das neoplantations e da crise climática. Foca-se na agência das mulheres quilombolas, que denunciam desigualdades de gênero e raça na luta por água de qualidade. A etnografia no extremo norte do Espírito Santo destaca o Rio Angelim, um actante central nos conflitos entre direitos quilombolas e corporações celulósicas, no contexto de desertificação e expansão de commodities. Analisa-se a regularização fundiária dos quilombos, evidenciando a ausência de titulação e os conflitos resultantes. A filantropia das corporações é criticada como estratégia de pacificação, enquanto as políticas públicas favorecem o agronegócio, ignorando os direitos quilombolas. A crença na SUDENE representa uma ameaça severa, concentrando recursos no setor celulósico, exacerbando a escassez hídrica. As mulheres quilombolas do Rio Angelim afirmam a resiliência do rio e da comunidade, apesar dos impactos ambientais, chamando atenção para a necessidade de políticas que reconheçam e redistribuam recursos de forma justa.