O CUMBE: TERRITORIALIDADE AFROVENEZUELANA E SUAS CONFIGURAÇÕES HISTÓRICAS E CONTEMPORÂNEAS
Palavras-chave:
cumbe, venezuela, pueblo, AfrovenezolanidadResumo
Os cumbes são conhecidos como os espaços de liberdade que pessoas de origem africana estabeleceram em contestação à escravidão, junto com indígenas e outros grupos submetidos a condições de exploração no regime colonial. Constituíram, portanto, uma prática de territorialização de autonomia e resistência ante o domínio colonial. Partindo do conceito de terri torialidade e territorialidade específica, e a partir de uma pesquisa bibliográfica e de fontes secundárias, este trabalho discute sobre as experiências históricas e contemporâneas da conformação de cumbes afrovenezuelanos. Estas experiências indicam uma continuidade das lutas pela autonomia que abrangem, por um lado, a configuração de territórios fora e dentro das plantations na forma de povos de negros livres, cumbes e comunidades negras que resistiram a desestruturação das plantations após a guerra de independência e a abolição da escravidão. Desde estas diversas experiências do passado, é possível reconhecer atualmente aos pueblos afrovenezuelanos como territórios diferenciados na geografia nacional, apesar de que o Estado venezuelano não reconhece direitos específicos para grupos de ascendência africana. Por outro lado, a partir da mobilização política maisrecente em torno ao cumbe, novas territorialidades estão emergindo e disputando espaços como as instituições e políticas públicas dentro do Estado, como no caso do Cumbe Nacional Afrovenezolano e os cumbes educativos, assim como novos territórios de intimidade como mostra a experiência do Cumbe de Mujeres Afrovenezolanas e sua pauta sobre a dignificação à corporeidade das mulheres afro-venezuelanas.