CONEXÕES ENTRE LÍNGUA E IDENTIDADE: UM OLHAR ACERCA DOS ESTUDOS DE LABOV EM MARTHA´S VINEYARD, E A RELAÇÃO ENTRE O NEGRO E A LINGUAGEM EM FRANTZ FANON
DOI:
https://doi.org/10.18817/rlj.v2i2.1689Resumo
Considerando ser o fenômeno da linguagem um repositório de valores e significados culturais conforme pontua Stuart Hall (2016), o presente estudo tem por objetivo demonstrar a existência de uma relação íntima entre língua e identidade, partindo para isso dos trabalhos de Labov (2008) desenvolvido no período de 1991/1992 na ilha de Martha´s Vineyard, e Frantz Fanon (2008) acerca da relação entre o negro e a linguagem abordada em um dos capítulos da obra Pele negra, mascara branca. Toma-se como aporte para as discussões os estudos de Bauman (2005), Fanon (2008), Gusdorf (1976), Hall (2006) (2016), Labov (2008) e Lott (2013). De modo, que pôde-se, portanto perceber que as fronteiras que segregam o estudo da língua e da identidade são consideravelmente tênues, tendo em vista que também as marcas identitárias encontram-se abrigadas/resguardadas na língua. Sendo assim, tornou-se possível constatar que de fato há uma relação íntima entre língua e identidade evidenciada tanto em Labov (2008), quanto em Fanon (2008), aonde respectivamente, o processo de centralização dos ditongos /ay/ e /aw/ representa um movimento de resistência e preservação de uma identidade linguística, e a apropriação da língua francesa por parte do negro antilhano muito mais que a tomada de um novo código linguístico, representa a tentativa de ocupar uma cultura e identidade privilegiada.
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