PEDOFILIZAÇÃO, VIOLÊNCIA SEXUAL E O FASCÍNIO MASCULINO SOBRE OS CORPOS INFANTO-JUVENIS
DOI:
https://doi.org/10.18817/pef.v28i1.3302Resumo
O presente artigo teve como objetivo analisar como crianças e adolescentes do gênero feminino, vítimas de violência/abuso/exploração sexual, vivenciaram experiências de forte investimento erótico de homens adultos e/ou idosos sobre os seus corpos. Propôs também questionar como o prazer e o desejo sexual de homens por mulheres mais jovens e pobres atrelam-se aos exercícios de poder interpelados pelos marcadores geracionais e de classe social, a partir do referencial teórico dos Estudos de Gênero e dos Estudos Culturais, em uma perspectiva pós-estruturalista. O material de análise partiu de entrevistas com duas adolescentes, de 12 e 14 anos, abrigadas em uma instituição e um inquérito policial pertencente à delegacia especializada para crianças e adolescentes de Porto Alegre/RS. O forte investimento erótico no corpo jovem feminino, propagado em grandes mídias e praticado por homens mais velhos com algum poder aquisitivo, é aqui analisado a partir das pedagogias de gênero e de sexualidade. Tais processos, desde muito cedo inscritos nos corpos femininos, desconsidera a subjetividade e a condição de desigualdade geracional e de classe social de meninas e mulheres. Assim, torna-se fundamental para o enfrentamento das violências sexuais contra crianças e adolescentes, tensionar os processos de pedofilização e os seus efeitos perversos na constituição das feminilidades.
Palavras-chave: Gênero, Pedofilização, Violência Sexual, Infâncias, Adolescência.